segunda-feira, julho 07, 2008

Uma ode à minha dor

Dessa vez estou sentindo a dor
Sem querer que ela se vá
Nunca tive muita paciência com ela
E hoje vejo o quão injusta fui por isso.
Como fui egoísta
Em achar que só a felicidade tinha o direito de existir em minha vida
Em expulsá-la de mim logo que ela ousava entrar pela porta.
Hoje minha dor dorme comigo
E acorda e me acompanha durante o meu dia.
Ela fica morna dentro de mim
Ela me deixa quieta
Ela me dá chão
E isso me faz bem.
Hoje me permito viver
O outro lado da felicidade extrema que tive ao lado dele:
Me permito viver a falta estúpida que ele me faz.
E como num quebra cabeça às avessas
Vou retirando lentamente
Peça por peça do que seríamos nós.
Cada imagem, cada sonho, cada suspiro.
Não sei quanto tempo levarei para desmontar
Esse quebra cabeça de toda uma eternidade
Que levou dez anos para ficar deliciosamente preenchido e incompleto
De mais tanta vida que viria.
Hoje não tenho pressa,
Porque descobri em minha dor
Uma companheira.
E sinto-a até o limite de quase perder o chão
Pois aí a luz vermelha acende e a sirene toca
E como num passe de mágica meu corpo fica dormente
E a dor vai dormir.
E eu, acordada, fico a niná-la
Observando-a
Admirando-a
Contemplando sua serenidade.
E foi assim que ela me disse que tudo ficaria bem.

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