segunda-feira, julho 21, 2008

À deriva - II

E os dias se passaram.
E numa dessas tentativas de retomar a rota,
Soprando insanamente a vela do barco,
Meus olhos vacilaram e a paisagem os enfeitiçou.
Só então pude parar de olhar pro barco
Pra vela, pros sonhos, pras dificuldades
E pude olhar ao redor.
Vi um céu mais que azul
Vi um mar multicor
Fechei os olhos e senti a brisa.
Mas então estava sim, ventando!
Abri os olhos num impulso brusco de continuar minha jornada.
Não senti mais nada.
Fechei os olhos novamente
E lá estava a brisa, a acariciar-me o corpo.
Levei algum tempo para entender.
Na verdade acho que até hoje
Não entendo muito bem...
Mas quando não há nada a fazer
Só se pode deitar na proa
E deixar que a brisa brinque com os cabelos...
E foi assim.
Durante muito, muito tempo.
Fiz das estrelas minhas companheiras
Do mar, meu confidente
Do amor perdido, meu bálsamo encantado
E do tempo... Ah, do tempo:
Meu grande mestre amigo
Que em seu silêncio
Me disse mais que qualquer aglomerado de palavras.

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