segunda-feira, julho 21, 2008

À deriva - I

E no meio da minha viagem
O vento parou de soprar.
Eu, despreparada maruja,
Não tinha sequer um motor de popa.
Me vi então assim à deriva no meio do mar.
A bússola do meu coração me dizia
Que a correnteza estava me levando pra direção errada.
Remos a postos, me pus a remar.
Foram dias e dias a fio
Tentando retomar minha rota.
Meus braços já não me obedeciam
Minha cabeça doía
E meu coração-bússola soluçava desconsolado.
Como rezei por um vento forte
Que me fizesse voltar pro meu caminho...
Em vão.
Maré morta.
Sem vento.
E eu morrendo a cada dia.
Não me faltava água ou comida
Me faltava esperança...
Não era possível que isso estivesse acontecendo.
Foram tantos anos preparando a viagem
Eu já estava tão perto do cais...
E agora lá estava eu
Maruja de primeira mão
Sem sequer saber mudar a direção da vela
Entregue aos próprios monstros e fantasias.
Não adiantava soprar a vela.
Minha viagem já havia mudado de rumo.
Meu coração-bússola, desnorteado, batia descompassadamente.
Era o fim de um final feliz romântico a dois.
Era o início de uma história de aventura à sós:
Eu comigo mesma.

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