segunda-feira, outubro 01, 2007

O que se pode dizer do amor?


O que se pode dizer do amor? Talvez a impossibilidade do discurso. E era assim que ela se sentia. Não conseguia entender o que se passava por dentro. Um mês inteiro de segurança e obstinação posto em cheque em apenas um dia.

Ela estava lá: magnífica, disposta a dar continuidade a sua vida. Tudo parecia estar ao seu favor... Calafrio. O que ela menos queria naquela noite aconteceu: ele.

Desencontros em meio às luzes inquietas e do som bate-estaca da boate. Mas a certeza de sua presença de certa forma a incomodava. Arriscaram uma primeira dança. Ufa! Coração pulsando normalmente. Nenhum sinal de alerta.

Mas de repente veio-lhe a cabeça os inúmeros casos que ele deveria ter tido desde a separação. O sangue esquentou e uma ânsia de vômito subiu-lhe à boca. Ela saiu. Subiu. O som não mais a impulsionava a dançar. Queria parar com aquele descontrole interno. Que poder era esse que ele exercia sobre ela?

Ele subiu. Não devia ter sido atrás dela. Não era muito de seu feitio tal atitude. O fato é que os olhares de novo se cruzaram. Ele seguiu. Até onde ela poderia aguentar? Mistério. "Você está bem"? Foi uma das últimas coisas que ouviu antes de seguir o rastro dele.

Como achá-lo? Todos de preto, muita gente, luz piscando e fumaça. Mas sabia que iria encontrá-lo. Sempre o encontrava. Dito e feito. Ela parou sorrindo em sua frente e pôs-se a dançar. Ele riu. Agora estava mais segura. Talvez fosse esse o tal poder.

E dançaram abraçados numa sedução total. Os rostos se alisando, a respiração deslizando sobre a pele. E um longo beijo sucedeu. A festa inteira parou. A musica, as luzes, as pessoas. Tudo ficou estático reverenciando aqulele encontro de línguas e mãos e pernas e desejos.

Saíram. Pegaram um taxi. Amanheceram o dia se amando na cama dele. Despertaram. Cumplicidade, carinho, respeito. Caras e gemidos de extremo prazer... e satisfação. Um mês sem esse contato explosivo. Ela largou mão dos fantasmas: sentiu-se segura e tranqüila; ele se entregou por inteiro: uma criança grande precisando de atenção e cuidados.

Um longo dia de contemplação. Ele a levou para casa. O clima estava leve como nunca. Despediram-se. Ela não teve mais pesadelos. Ele, só deus sabe o seu paradeiro.

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