sábado, setembro 22, 2007
Quantas vidas poderiam caber em mim?
Esse desatino que me persegue
É o mesmo que me cala.
Quando recuar é avançar?
O céu se abre azul por detrás de minha cortina amarela.
Nunca quis ter vida cor-de-rosa
Só se fosse com carvão
Ao som de Marisa que já me embebedou aos montes.
Mas acho que nem assim.
Cores.
Dores.
Sortes mil nesse céu espetacular.
É tanto mundo, é tanto chão, é tanta vida
É tanto cheiro, é tanto gosto, é tanta coisa!
Ai, meu deusu!
Por que diabos sou só uma?
Parece-me impossível a completude
Quando tudo é parte de um todo
Que se reparte em minúsculas partes espalhadas por aí...
Quantas vidas poderiam caber em mim?
domingo, setembro 16, 2007
Ergo-me água fresca
Sim
Acaba tudo assim
De volta e sempre em mim
Deslizando feito água fresca em minha boca
Tô na boca de lobo
Espreitando por entre as ramificações de minha alma
Dias claros, vento brando
Tropeço assim em minhas certezas
Ergo-me, intacta, majestosa
Pronta pra próxima lágrima
Que venham todas!
- em doses homeopáticas, por gentileza –
E na dança do tempo,
Cambaleio suavemente
De lá em lá
De cá em cá
Sem maiores previsões
Sem maiores expectativas
Apenas vou
Sigo
Suspiro.
sábado, setembro 15, 2007
Tá na cara de mim
Tá na cara, tá na alma
Tá em tudo que é de bom em mim
Tá até na amargura e nos vazios que me compreendem
Tá estampado no corpo, na pele, na aura
Tá bem dentro e tão acessível
Faz sentido, faz sol e arco-íris também
E até nos dias de chuva é tudo tão claro
Água cristalina
Mar transparente
Rio translúcido
E de tão bom e tão bem
Não há do que se queixar
Saudade é tempero, não machuca
Choro é passageiro, não inunda
Riso é fértil e aduba os dias
Tá estampado nos dedos já tão enrugados
Tá tatuado no sonho de harmonia
Tá tudo aí, bem debaixo da sombra
Diante do nariz
Dentro de mim
Tá tão assim.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Muitas eternidades
Amo.
Com cada poro e aura de meu corpo
Com cada riso e lagrima
Amo.
Te.
Muito.
Com cada pedaço de meu ser
Com toda minha existência
Inocência.
Indecência.
Incoerência.
E por não saber não te amar
Questionar seria inútil e vago.
Nunca quis aprender a te esquecer.
Dói pensar-me sem você por dentro.
Choro você não estar ao lado.
Mas é momento.
E meu amor vale muitas eternidades...
quarta-feira, setembro 12, 2007
Chega dá gosto rimar
Um por dia e assim eu vou
Sem muito mistério de padaria
Sem pão de feitiçaria
A rima me toma de um jeito
Que de feio, um dia já desisti de rimar
Mas hoje ela vem meio que sem licença
Corre, pula e adentra
Todo e qualquer lugar
É sentimento de tudo que é jeito
Espalhado por aí a migué
E ela vem de qualquer maneira
Adentra o peito e toma a forma que quer
Fala de amor, de carinho e de birra
Canta a esperança à moda antiga
E eu, feito boneca mole, me ponho a dançar
Mas eu bem que gosto, seu moço
Que ela vem fazendo aquele alvoroço
Que chega dá gosto rimar
terça-feira, setembro 11, 2007
Dou minha cara a tapa e tiro meu chapéu
Fico no silêncio da inexatidão
O que não está fora não é
E o que não é, não dói
Malabarismo de ilusão.
Interfaces, entre faces, em ti faces
Como se o proibido corresse de mim
Em mim, para mim
E todo o ciclo infindando com o pôr-do-sol
Deixo-me a flor mais perfumada de fim de tarde
Deixo-me o mar gentil de mei’ de dia
Deixo-te e deixo-me rastro de eternidade
Não sei como seria e nem ao certo como ainda é
Não sei se venceria toda e qualquer maré de fé
Não sei, mas como saberia o que era e o que é?
E nesses tropeços de concordâncias
In-acertanças mil
Corro pra lá, volto pra cá.
Quando menos me espero
Mais me impressiono
E cogito o de sempre lá intacto
Tantas verdades soltas ao léu...
E eu, de refém viro réu
Fazer o quê?
Dou minha cara a tapa e tiro meu chapéu.